segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Rasgando dinheiro


(Este post foi publicado em junho de 2011 e posteriormente retirado. Infelizmente a situação só se agravou de lá pra cá. Republico-o, então.)
Rasgar dinheiro é considerado por muitos como sintoma definitivo de insanidade. Aplica-se ao rasgar, propriamente dito, como também a ingerir dinheiro ou mesmo rebolar no mato. E, acredito, tanto faz se é dinheiro próprio ou de terceiros. É sintoma muito forte.

No caso de dinheiro público, acredito não haver ainda uma jurisprudência firmada. O que talvez explique a pouca cerimônia com que os responsáveis pela sua administração o desperdiçam. É o que vemos, diariamente, à luz do dia, nesta obra realizada às margens da rodovia CE 187, no caminho do bairro São Sebastião. Um aterro de proporções monumentais, com grande movimentação de terra, intenso movimento de caçambas, máquinas, apontadores, fiscais, curiosos, prenunciando uma grande obra. Que o bom senso diz, claramente, estar sendo feita no lugar errado. Com certeza, haveria nesta cidade um lugar onde ela ficaria bem mais barata.
Ali mesmo, no local da obra, foi construído, no início do primeiro mandato da atual administração, um equipamento adequado ao local: uma pista de cross, bastante usada em seu início. Uma obra barata e interessante, que com calendário adequado e gestão profissional eficiente, ainda hoje poderia estar servindo a população de Ubajara, inclusive no aspecto de educação quanto ao uso seguro de motos.
O dinheiro movimentado pelo poder público, seja ele municipal, estadual ou federal, não cai do céu. É retirado de cada um dos moradores através dos impostos. De cada três quilos de feijão que cada um de nós compra, um vai para pagar a máquina do governo e custear serviços e obras em benefício da população. É um bocado de dinheiro, conseguido através de muito suor e jornadas de trabalho, que em alguns casos, vão de domingo a domingo, com uma folga no domingo a tarde. Por isso mesmo mereceria um maior respeito pelo poder público.
As caçambas, máquinas, pessoal, terra, enfim os recursos disponibilizados aqui poderiam ser aplicados em outras obras - ali mesmo em frente tem uma estrada necessitando de reparos.
A imprensa nos leva a acreditar que a grande responsável pelo desperdício do dinheiro público é a corrupção. Na realidade, a corrupção é praga antiga, ainda não debelada, que causa grande estrago nos recursos públicos. Mas com certeza o descaso pela aplicação criteriosa dos recursos públicas causa prejuízo maior. No caso de corrupção ainda existem os que se beneficiam e usufruem destes recursos.
No caso do desperdício o prejuizo é total.
Uma pergunta simples que gostaria de fazer a todos os envolvidos ali nesta obra: "se fosse com seus próprios recursos, você faria uma obra deste tipo?"
Seria interessante observar as respostas.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Território Maciço de Baturité: A CAJUINA SÃO JOÃO JÁ É UMA REALIDADE.

Território Maciço de Baturité: A CAJUINA SÃO JOÃO JÁ É UMA REALIDADE.: Resultado do trabalho sério e comprometido de José Humberto de Lima Barreto - consultor do IRT/MDA, o PTCP (Plano Territorial de Cadeia Pr...

Território Maciço de Baturité: A CAJUINA SÃO JOÃO JÁ É UMA REALIDADE.

Território Maciço de Baturité: A CAJUINA SÃO JOÃO JÁ É UMA REALIDADE.: Resultado do trabalho sério e comprometido de José Humberto de Lima Barreto - consultor do IRT/MDA, o PTCP (Plano Territorial de Cadeia Pr...

terça-feira, 19 de julho de 2011

O bondinho de Ubajara

Julho, mês de férias, ótima época para conhecer o Parque Nacional de Ubajara e sua jóia mais preciosa: a Gruta de Ubajara. Criado em 1959, por sugestão feita pelo então diretor do Serviço Florestal do Ministério da Agricultura, David Azambuja, ao Presidente Juscelino Kubitschek, em área de 563 ha, foi, por muito tempo o menor parque nacional do Brasil. Mais recentemente, teve sua área aumentada para 6 mil e poucos ha, mas ao que me consta ainda sem demarcação. A gruta sempre atraiu visitantes, que enfrentavam as penosas caminhadas das trilhas existentes, sendo recompensados pela maravilhosa beleza do lugar.
Nos anos 70 do século passado, o então governador César Cals olhou para a região e suas potencialidades e pela primeira vez a Ibiapaba foi contemplada com ações integradas do Governo do Estado, que construiu estrada, trouxe para cá uma porção de agências governamentais, tentou modernizar a cultura do café, introduzindo o café do sol, com tecnologia emprestada de São Paulo e Minas Gerais, trouxe uma usina de alcool e  implantou o Complexo Turístico no Parque Nacional, com a instalação de um teleférico e iluminação de parte da Gruta para visitação pública, guiada. 
A usina funcionou um tempo. Com o fim do Proalcool mudou de dono, deixou de pagar os agricultores que forneciam cana e hoje tem uma atividade vagalume. A cadeia produtiva da cana de açúcar, desarticulada.
O café do sol, após umas primeiras safras altamente produtivas, paga o preço do manejo antiecológico. Deixou como herança o desmatamento e a falsa noção de que os insumos modernos (adubação química, venenos) são a salvação da lavoura.
Ao contrário do que apregoa a quadrilha do Aldo Rabelo, a unidade de conservação do meio ambiente é o único empreendimento que restou em condições de gerar emprego e renda. Curioso, não? Este fato merece uma reflexão, no mínimo.
Deixando as considerações de lado vamos ao que interessa. A gente pode chegar a Gruta de duas maneiras: pelo bondinho, numa viagem rápida e confortável, solto no espaço, com uma vista maravihosa das belezas do Parque; ou pela trilha, numa caminhada de umas duas horas, usufruindo, com mais vagar, todas as maravilhas que a Natureza coloca a nossa disposição. Se o seu preparo físico permitir, acho a opção mais recomendável, deixando o bondinho para a volta, a subida, numa merecida recompensa. Na entrada do Parque você encontrará guias, que lhe darão todas as informações necessárias.É importante lembrar que estamos em uma unidade de conservação, portanto, observância estrita a todas as recomendações do guia: não levar nada, a não ser fotografias, boas lembranças e o lixo - garrafas dágua, sacos de papel e plásticos, que tenhamos trazido com guloseimas. Não deixe as marcas de sua passagem.
Curta bastante e aproveite tudo que a Natureza coloca a sua disposição neste passeio. Sinta o cheiro gostoso do mato, observe o porte das árvores, a grande quantidade de diferentes cipós, a variedade de cores das folhas e flores da floreta. Ouça o barulhinho bom da água correndo e caindo serra abaixo, acompanhe o movimento dos macaquinhos e mocós, sem esquecer de escutar o canto dos pássaros. Surpreenda-se com as formações da gruta. Difícil imaginar tanta cor e beleza naquela escuridão, terra adentro.
Ao final da visita a gente consegue entender porque uns poucos despendem tanto esforço em defesa do meio ambiente. Nele vivemos e dele depende nossa sobrevivência. Não somos assim tão superiores.
Talvez, mais presunçosos.
 

quinta-feira, 7 de julho de 2011

a vida e o fim

A menina, de 14 anos, toma veneno, um inseticida destes usados na lavoura, dando fim a própria vida.
Nada a prenunciar tal desfecho. Dançara quadrilha, fora eleita rainha num destes festivais de época, nadara pela manhã nas piscinas, belo conjunto natural, na beira do talhado da serra.
A comoção, na família e comunidade, foi proporcional ao gesto.
O que pode levar uma pessoa, ainda mais em plena descoberta da vida, a ato tão antinatural? Faz parte da natureza de qualquer forma de vida uma luta tenaz e denodada por sua preservação.
Coisas do ser humano, por certo. Só ele é capaz de criar tal desprezo pela vida. Pelas várias formas de vida existentes na natureza, pela de seus semelhantes e até pela sua própria. Que ele considera a única a ter importância, dela podendo dispor a seu bel-prazer. Seria, então, apenas o exercício do livre arbitrio: minha vida de nada vale e é melhor por termo nela.
Difícil de aceitar. Para mim, vivendo mais de meio século, sempre a esperar que a vida ofereça algo de novo, é duro admitir tanta frieza, aos 14 anos, idade que nem a lei  considera alguém capaz de discernir entre o certo e o errado.
Desencanto, desesperança?
A gente sempre tá querendo uma explicação para o que nos intriga ou nos perturba. Achado um porque, ficamos mais calmos, mais seguros, com a certeza da volta do mundo aos trilhos da normalidade. E damos preferência a explicações que nos deixem fora dos problemas. O que mais prezamos é nosso sossego. Mas não será hora de lembrarmos que fazemos parte do gênero humano? E que calor humano, convivência, solidariedade, o sentimento de fazer parte de um grupo são poderosos antídotos contra a depressão e contribuem, de forma eficaz, para alimentar a esperança?
Se diz que a esperança é a última que morre e que enquanto há vida, há esperança. Penso ser mais correto: enquanto há esperança, há vida.
Talvez, preocupados com a sobrevivência, ocupados em conseguir o mais que pudermos no mais curto espaço de tempo, deixemos de olhar o mundo a nossa volta, sem notar que o futuro é o que construimos agora. Mornos, vamos levando a vida com indiferença. Conformados, achamos que  o mundo é isto mesmo, nada temos que fazer, além de manter o umbigo limpo.
O egoísmo não nos leva para o céu. Nem nos dá condições de uma vida melhor, aqui na terra.
Que mundo estamos oferecendo para as novas gerações? Quais valores prezamos?

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Em defesa dos corruptos


A imprensa noticia uma série de operações policiais, cumprindo mandatos de prisão de prefeitos, secretários municipais, empreiteiros, empresários, enfim, gente envolvida em desvio de dinheiro público para contas particulares. Notícia alvissareira, afinal, a Polícia e o Ministério Público cumprem seu dever de apurar irregularidades no cumprimento das leis, mostrando que mesmo as autoridades devem a ela se submeter. Independente dos resultados dos processos, serve de alerta para os que estejam com alguma intenção escusa, obrigando-os a desistir de seus intentos ou a redobrar os cuidados com a manipulação das verbas públicas.No entanto, olhando a realidade da administração pública da maioria dos municípios do interior do nosso Brasil, os corruptos se configuram como uma categoria de empreendedores, que, embora empregando meios condenáveis, acabam contribuindo para o progresso. O dinheiro desviado acaba sendo empregado em seus empreendimentos particulares (que não são as empresas fantasmas que participam das concorrências fraudulentas), seja no setor imobiliário, de transporte, de comércio ou construção civil, e acabam gerando empregos, até com carteira assinada e direitos trabalhistas, e renda para o município, quase sempre outro, diferente de onde foi prefeito. Não sendo flagrados, tem até a possibilidade de receber o prêmio de contribuinte do ano, pelo volume de pagamento de impostos de suas empresas particulares e até mesmo entrar nas listas de melhor lugar para trabalhar.Para atingir este status de respeitáveis empresários, correm riscos: além dos inerentes ao sistema capitalista, tem a Polícia, o Ministério Público, a Imprensa e, as vezes, até a oposição de olho. Com a ameaça de ter de devolver aos cofres públicos uma parte do dinheiro desviado (o que nem sempre representa um prejuizo, para eles).Porém (e isso dói), além desta rapinagem explicita, que pode ser combatida com as armas da lei, existe outra forma de dilapidação do dinheiro do contribuinte: administrações amadoras e incompetentes. E aí, o Ministério Público não pode atuar, a Polícia não tem como agir e a imprensa não vê escândalo suficiente para uma manchete. A cidade fica estagnada, a população na mesmice e as melhores cabeças vão atrás de oportunidade em um lugar que lhe valorize os talentos. Os valores que imperam são o clientelismo, o fisiologismo, a troca de favores pelos votos da próxima eleição, para continuar este círculo vicioso. Meus sinceros elogios a atuação do Ministério Público e da Polícia. Meus votos para que a imprensa não viva só de manchetes, mas que paute também estes desperdício do cotidiano.E, principalmente, que nós contribuintes, ao exercermos o papel de eleitor, nos lembremos que é o nosso dinheiro que os políticos gastam.
Posted by Picasa

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Fotografe primeiro, faça o foco depois


Clique na foto e veja o que acontece. Se gostou, veja mais.